segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Filosofar é preciso: veja como foi a etapa regional da VII Olimpíada de Filosofia do RS na UCS

O dia 12 de setembro amanheceu bastante úmido em Caxias do Sul. Às 7h da manhã, enquanto ônibus e vans de estudantes recebiam seus passageiros para irem à Universidade de Caxias do Sul, uma grossa neblina estava formada sobre a Cidade Universitária. Nos minutos seguintes os primeiros participantes já chegavam ao Bloco E da UCS apresentando-se na recepção: "nós viemos para a Olimpíada de Filosofia". Assim começava uma intensa jornada em torno da questão: "Qual o caminho para a reconstrução de nós mesmos?". Durante toda a manhã os participantes foram desafiados a construírem possíveis respostas a essa questão.


Escolas participantes da VII Olimpíada de Filosofia na UCS
Com muita disposição e alguma dose de curiosidade chegaram 138 estudantes de 9 instituições de ensino vindas de São Marcos, Bento Gonçalves e de Caxias do Sul. 
De São Marcos vieram estudantes do Colégio Mutirão - Assemarcos.
De Bento Gonçalves vieram estudantes do Colégio Sagrado Coração de Jesus.
De Caxias do Sul vieram representantes das seguintes instituições: Escola Estadual Santa Catarina, Colégio Murialdo de Ana Rech, Colégio La Salle Carmo, Escola Estadual Olga Maria Kayer, Colégio Impulso - Caminho do Saber, Colégio Mutirão e Escola Estadual São Caetano.

Olimpíada de Filosofia e PIBID
A Olimpíada de Filosofia do RS foi criada em 2008, sempre com a participação do Curso de Filosofia da UCS na comissão de organização e condução das atividades.  A partir de 2010 a UCS passou a sediar anualmente uma etapa regional da Olimpíada a fim de ampliar a participação das escolas e dos estudantes. Neste ano de 2014, com a efetivação do projeto do Curso de Licenciatura em Filosofia junto ao PIBID/UCS o alcance dessa ação estendeu-se ainda mais. Pelo PIBID o Curso de Filosofia está atuando diretamente junto ao Ensino Médio da Escola Estadual São Caetano, o que resultou numa participação especial de 41 estudantes que auxiliaram na coordenação das equipes olímpicas.

Equipe de planejamento e coordenação da Olimpíada de Filosofia na UCS
Participaram do planejamento das atividades da Olimpíada de Filosofia os bolsistas do PIBID e estagiários do Curso de Filosofia: Cecilia Duranti Cavalheiro, Fernando da Silva Lopes, Lucas Adriano dos Santos, Matheus Pinto Zaro, Ricardo Endrizzi, Rodrigo Souza da Silva, Viviana Furlan, Cláudio André Dierings, Eduarda Cristine Viero Lima, Patricia Deise Santos Rodrigues, Ronaldo Borges de Mello e William Monteiro. No dia da Olimpíada, para coordenar a condução das atividades, também somaram-se: Altemir Schwartz, Bernardet Ignes Pegoraro, Natalie Oliveira da Cruz e Janete Remi Bassani Zucolotto.  A  professora Tenisa Zanotto Boeira, da Escola São Caetano e participando do PIBID, coordenou a integração entre Universidade e Escola. Coordenação geral das atividades: Prof. Vanderlei Carbonara.

Estratégia de organização da Olimpíada
A fim de promover a integração entre estudantes de diferentes instituições de ensino e alcançar os resultados de uma autêntica experiência filosófica resultante de ações cooperativas, os inscritos foram previamente distribuídos em oito equipes, com distintos perfis filosóficos, que assim foram designadas: Eudaimoquipe, Equipunidos, Equiresponsa, Disposição, Liberdade, Autonoquipe, Maxfelicequipe e Equibeleza. Cada equipe precisar cumprir tarefas com temática filosófica, sempre considerando o perfil que lhe era específico - e cada perfil estava associado a importantes pensadores da tradição filosófica. Ao longo das provas a que as equipes precisavam cumprir construíam-se referenciais para responder a questão filosófica orientadora da Olimpíada: "Qual o caminho para a reconstrução de nós mesmos?". 



As provas e tarefas realizadas...


Em primeiro lugar cada equipe precisava desvendar as características do seu perfil e o jogo a que estavam inseridos. Cartas enigmáticas e quebra-cabeças deram início aos trabalhos nos grupos. À medida que essas primeiras tarefas eram realizadas as equipes passavam a saber sob quais critérios deveriam orientar suas decisões e ações na sequência do jogo. Então as tarefas passaram a remetê-los a múltiplos espaços: entrevistar transeuntes pela Universidade, localizar novas pistas escondidas, estourar balões, completar frases filosóficas, identificar trechos de livros, elaborar poemas temáticos e ainda confeccionar uma escultura de argila. A cada etapa cumprida mais e mais eram apresentadas possibilidades filosóficas para a compreensão do que seriam caminhos de reconstrução de nós mesmos. Do encontro com ideias de grandes filósofos às elaborações e decisões de cada equipe construíam-se caminhos possíveis quer para pensar a reconstrução de si, quer para pensar a reconstrução da sociedade. 


Vencedores da Olimpíada...


 Agora é a hora de perguntar: quem venceu a Olimpíada de Filosofia? Quem foi classificado na etapa regional para participar da Olimpíada Estadual, dias 26 e 27 de setembro, em Osório?

Aqui está um dos grandes trunfos da Olimpíada de Filosofia, desde sua criação: o espírito que move todas essas ações não é competitivo, mas cooperativo. Mas como é possível uma atividade tão vinculada à competição - Olimpíada - tomar ênfase na cooperação? Friderich Nitszche, filósofo do século XIX, nos ajuda a responder a essa questão com a sua ideia de Vontade de Potência. Segundo o filósofo aquilo que nós somos não nos é dado por natureza ou por dom, mas precisamos construir nossa própria existência. É como se fôssemos artistas construtores de uma obra de arte que somos nós mesmos: criador e criatura ao mesmo tempo. E essa construção se dá a partir do que ele chama Vontade de Potência. Mas não se trata de querer exercer poder sobre os outros. Ao contrário: somente os fracos (ou medíocres) é que guiam a sua vida comparando-se aos outros (querer ser melhor que o outro é uma manifestação da ausência da Vontade de Potência). A superação que importa não é aquela da competição com o outro, mas importa a capacidade de superar a si mesmo. Por isso o espírito que guia a Olimpíada de Filosofia enfatisa a autossuperação e não a competição (superação do outro). Se o outro não é um obstáculo a ser superado, então ele não precisa ser desprezado por mim, mas pode até mesmo ser meu aliado. Por isso a possibilidade da cooperação. E não seria errado dizer que todos aqueles que participaram da Olimpíada, e de algum modo superaram a si mesmos por saírem com novas ideias, são vencedores. Não se trata de vencer alguém exterior, mas trata-se de vencer a si mesmo. Por isso também não há classificados e desclassificados nas etapas da Olimpíada. Participarão na etapa estadual, em Osório, todas aquelas escolas que inscreveram-se no período hábil. 

Foi com esse intuito que todos os participantes foram reunidos no Auditório nos instantes finais da Olimpíada Ouviu-se um depoimento de cada uma das equipes e foi feita a entrega de um brinde a todos os participantes. Dentre os brindes recebidos, dois em especial: um convite a produzir um texto filosófico sobre o tema da Olimpíada e o "pergaminho" com a resposta sobre "Qual é o caminho para a reconstrução de nós mesmos". Você tem alguma ideia sobre qual seja essa resposta? Sugiro perguntá-la aos jovens filósofos que participaram da Olimpíada. 

E agora: preparativos para rumar a Osório! Dias 26 e 27 estaremos na etapa estadual da VII Olimpíada de Filosofia da RS.

Veja também registros da Olimpíada de Filosofia:






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