Oficina: A experiência absurda do existir


Olimpíadas de Filosofia 2016
Que ações transformam o mundo: Como nos relacionamos com ele e com nós mesmos?"


A Experiência Absurda do Existir

Elaborada e coordenada por: Éverton Luiz e Suzy Menegath

PLANO DE UNIDADE DE APRENDIZAGEM: A Experiência Absurda do Existir
Disciplina: Filosofia
Nível de Ensino: Médio e último ano do Fundamental
Problema filosófico: Quais são as possíveis ações diante do absurdo que é existir?
Tema da unidade: A teoria absurdista em Albert Camus; Questionamentos sobre a significação da existência; O homem absurdo e a revolta
Período de execução do plano: 1h45min.
Objetivo:
Debater e refletir sobre:
·   O cotidiano;
·   O dar significado à existência;
·   A tomada de consciência do absurdo;
·   A revolta como ação do homem absurdo;

Plano de aula da oficina; início da olimpíada de filosofia 2016:

A Experiência Absurda do Existir


8h30min - 8h40min – Apresentação do tema da Olimpíada de Filosofia do RS “Que ações transformam o mundo: Como nos relacionamos com ele e com nós mesmos? ”, e do tema específico da oficina: “A experiência absurda do existir”. Também neste momento apresentam-se os ministrantes e participantes da oficina. Há uma breve apresentação biográfica do autor Albert Camus. Todavia, anterior a este formal início, a sala deverá estar organizada com cadeiras e classes em forma de “U”, para que os alunos possam se olhar facilmente no debate e escrever mais adiante.

8h40min - 9h20 – A sensibilização dar-se-á através de trechos selecionados do clássico “Tempos Modernos”, em que o versátil ator Charlie Chaplin interpreta um indivíduo sufocado pelo trabalho na indústria. Mostramos exatamente os trechos em que ele está trabalhando maquinalmente, quase sem tempo. A parte talvez mais tragicômica do filme. Este vídeo vai ao encontro da perspectiva de Camus sobre o homem cotidiano, desenvolvida no começo de “O Mito de Sísifo”. Por meio dele e após sua visualização, damos continuidade à oficina utilizando slides (ANEXO 1) para explanar um pouco da contribuição camusiana ao pensar filosófico {utilizamos slides conforme nos ficou melhor para na hora lembrar e explicar a teoria}. É no decorrer da apresentação, que a problematização está fundamentada. Passando os slides, lançamos perguntas aos participantes para que eles possam se posicionar, procurando gerar debate e participação coletiva na construção de novas perspectivas. Será que todos deram-se conta da alienação do trabalho no cotidiano? Mas quais seriam as possibilidades do homem diante de determinados contextos sociais? Mas sabemos que nem sempre há saída para o homem que todos os dias segue sua rotina.
Entramos na discussão sobre o homem cotidiano que atribui sentido à sua existência. Uns dizem que ter bens materiais os fazem continuar vivendo, outros não viveriam sem sua mulher amada. Por onde anda o homem absurdo? Quanto há de valor em atribuir à vida algum sentido?
            Ao abordar o suicídio em Albert Camus, tomam-se alguns cuidados. Já que, o suicídio parece, num primeiro momento, resposta ao “dar-se conta do absurdo que é viver”. No entanto, sabemos que não. Nas palavras do próprio autor, a vida não necessita de um sentido para ser bem vivida. Quem se suicida demonstra que foi ultrapassado pela própria existência, não enxergando para além de seu ato. Já o homem absurdo, exaltado por sua maestria, procura esgotar o campo do possível frente as questões que julga mais profundas.
Por fim desse momento de árdua discussão e construção reflexiva, trazemos à tona algumas interpretações de revolta ao debate. Daí, revoltar-se pode ser uma forma de mudar o mundo? E nele está nossa proposta enquanto ministrantes. Queremos que cada um escreva sua revolta. Pois, como pensar em mudar o mundo sem antes mudar a si mesmo? Queremos que os alunos escrevam com suas palavras suas manifestações pessoais, ligando à essa escrita a revolta camusiana. Existiram e existem aqueles que revoltaram-se e criaram legítimas obras de arte ao longo da história, na música, pintura, literatura, etc. Quais serão os próximos? 




9h20 - 9h30min – Explica-se a atividade a ser produzida (ANEXO 2). Aqui, os alunos terão de escrever um manifesto pessoal com olhares para o que foi abordado até então. Pedimos para que todos decorem pelo menos um trecho do que escreveram.

9h30min - 9h45min – Após todos terem em decorado o trecho, saímos para o centro de convivência (caso faça sol), onde os estudantes apresentarão entre eles suas performances, declarando para os outros e para si mesmos o que puderam relacionar da filosofia absurdista de Albert Camus e suas experiências enquanto indivíduos que se preocupam com suas existências. Se chover, as apresentações serão feitas dentro do bloco universitário.

9h45min – 10h00 - Intervalo.

10h00 - 10h15min – Última etapa da oficina filosófica - Construção coletiva de um painel. Os participantes agora montam um painel colando o que escreveram num grande cartaz, com liberdade para desenhos também. Organiza-se como será a apresentação da plenária geral. Podem os participantes mais desinibidos falarem para o público seus manifestos ou o que quiserem sobre o que foi construído na oficina. Ou ainda, todos falam ao mesmo tempo e repetidamente trechos de seus manifestos pessoais, deixando o público curioso, como fizemos.

10H15 – 11h00 – Reúnem-se todos os participantes da Etapa Regional da IX OLIFRS no auditório do bloco E. Damos início às apresentações que cada oficina preparou. Ao final, os agradecimentos a todos que ao longo da manhã refletiram e empenharam-se no debate. Distribuição dos brindes que a UCS disponibilizou ao evento.



Materiais que serão utilizados na oficina:

·                     Computador
 
·                     Projetor

·                     Folhas A4

·                     Canetas coloridas

·                     Papel pardo


Anexo 1: SLIDES

 Cotidiano
“Antes de deparar com o absurdo, o homem cotidiano vive com objetivos, uma preocupação com o futuro ou com a justificação. Ele avalia suas possibilidades, conta com o mais tarde, com sua aposentadoria ou o trabalho de seus filhos. Ainda acredita que alguma coisa de sua vida pode ser manobrada. Na verdade, ele age como se fosse livre, ainda que todos os fatos se encarreguem de contradizer essa liberdade. Após o absurdo, tudo se acha abalado.”
Aqui Camus esclarece a capacidade consciente do absurdo. O homem, que após dar-se conta do absurdo, torna-se como estrangeiro* diante de sua realidade, é jogado a reconhecer sua finitude. Não há o dia de amanhã, essa é a razão da sua liberdade.


Suicídio
“Trata-se, anteriormente, de saber se a vida devia ter um sentido para ser vivida. Aqui fica parecendo, ao contrário, que ela será vivida melhor ainda se não tiver sentido.”
O suicídio, então, é a resposta daqueles que, necessitando de um sentido para viver, não reconheceram as possibilidades da existência.


Revolta
“[...] uma das únicas posições filosóficas coerentes é a revolta. Ela é um confronto permanente do homem com sua própria obscuridade. É exigência de uma impossível transparência. E, a cada segundo, questiona o mundo novamente. [...] Ela não é aspiração, não tem esperança. Essa revolta é apenas a certeza de um destino esmagador, sem a resignação que deveria acompanha-la. ”



Anexo 2: PERFORMANCE; MANIFESTO PESSOAL:

A Experiência Absurda do Existir - Exercício de Performance

Interessam-nos aqui pensar em treinamentos do ator/performer que não se apresentem apenas como um aprendizado técnico-artístico, mas que buscam uma problematização radical do sujeito. Pensar na performance como uma prática filosófica, como transformação de si. Não como “ficcionalização”, mas como a construção de um manifesto pessoal. Um meio de despertar para o conhecimento do mundo absurdo e assim revoltar-se. Trazer ao experimentador a oportunidade de se relacionar com o mundo em que vive ter conhecimento do outro com a liberdade relativa que se apresentam nas suas relações, perceber-se em seu contexto cultural. Dar-se conta de sua servidão, pensar sobre a solidariedade e o respeito, em que cada um possa se reconhecer em todos os outros. Revelar motivações, defender ideias sobre o viver e sobre seus direitos e deveres.  Trata-se de pensar na situação teatral como uma estratégia de contaminação com o público. Propiciar ao performer um movimento de ruptura com a própria existência e ao público um convite ao conhecimento do absurdo e da possibilidade de revolta.
     Após realizada a sensibilização e a problematização simultâneos ao debate, apresentado o conceito de performance, solicitaremos que escrevam o seu manisfesto-pessoal/revolta. Após terem escrito, solicitaremos que salientem o fragmento de maior interesse, criando uma fala que será repetida em sua atuação. O manifesto partirá dos seguintes questionamentos:

Será preciso morrer voluntariamente ou, apesar de tudo esperar?
Sabendo da experiência absurda que é existir, como conduzirei minha existência a partir de agora?
Como me sinto depois de despedir-me do estado de ignorância?
O que tenho a dizer ao mundo?
Em que consiste minha liberdade?
Esperançar por algo pode ser bom?
O que imaginava saber e o que realmente sei?
Existe punição mais terrível do que o trabalho inútil esperançoso?
Atribuir sentido à existência pode ser significativo?
Se meu destino me pertence, o que farei para ele não se tornar apenas uma história de existência inútil?


Solicitaremos aos performers que montem uma partitura corporal que a repitam inúmeras vezes em paralelo ao discurso construído. Depois de concluída esta etapa, saída de campo, “apresentação” da performance ao grande público.
As partituras e discurso serão utilizadas também para apresentação do painel no final do evento.


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