Objetivo
geral:
- Debater e refletir acerca dos valores morais e seus interesses na civilização ocidental;
Objetivos
específicos:
- Apresentar como Nietzsche, através de sua genealogia da moral, possibilitou novas perspectivas à filosofia ocidental;
- Apresentar como desenvolveram-se as noções de bem e mal no decorrer da história segundo o autor;
- Debater a respeito das considerações sobre bem e mal como absolutos;
- Apresentar as formas de niilismo e suas implicâncias no agir humano;
Introdução:
Podemos
constatar fortes críticas à civilização ocidental permeando toda a obra de
Friedrich Nietzsche. Sua forma aforismática de escrita é de difícil
interpretação, em suas próprias palavras, faz-se necessário um “ruminar” desses
aforismos para que eles sejam compreendidos. Não é à toa que o filósofo é um
dos mais lidos atualmente. Interessa-nos nesta oficina debater e refletir
acerca dos valores morais infundidos na civilização ocidental. Em “ A
Genealogia da Moral”, são desenvolvidas as principais reflexões que
possibilitam essa discussão e que deram embasamento à atividade.
Tempo previsto da oficina: 45 minutos
Onde encontrar mais sobre este filósofo no livro didático: páginas 11, 16, 17 e 20
Dando início à atividade:
Breve apresentação biográfica e
bibliográfica de Friedrich Nietzsche;
Nasceu dia 15 de outubro de 1844, morreu dia 25 de agosto de 1900;
Foi filósofo, filólogo (estuda as fontes da linguagem histórica escrita), crítico cultural, compositor e poeta alemão do século XIX;
Trabalhava com aforismos, metáforas e ironias realizando suas criticas a cultura, religião, moral, filosofia e ciência.
"-Melhorar a humanidade? Eis a ultima coisa que eu prometeria. Não esperem que eu erija novos ídolos!"
Sensibilização
e problematização:
Optamos por desenvolver
a problematização com perguntas que o próprio Friedrich Nietzsche se propôs a
responder ao longo de sua genealogia.
Assim, os participantes poderão contribuir já com seus pressupostos para
responder. Todavia, toma-se o minucioso cuidado para que não escapemos ao
embasamento teórico-reflexivo que mais adiante será apresentado. Escreve-se no
quadro negro e questiona-se aos ouvintes:
1.
“Qual é a origem de nossa ideia de
bem e de mal? ”
2.
“As noções que temos de bem e mal
favoreceram ou não no desenvolvimento humano? ”
3.
“Bem e mal podem ser considerados absolutos?”
Talvez algum
interlocutor fale algo que converge com a reflexão nietzschiana, talvez o
contrário. É nesse contexto despertador de mais dúvidas que respostas, que trazemos
à tona o poder argumentativo de Nietzsche. Sua capacidade de mudar os rumos do
que se tinha infundido na tradição filosófica da civilização ocidental sobre o
pensar moral. Almeja-se que as respostas trabalhadas pelo autor mantenham sua
sofisticação durante a explicação, mas que estejam ao alcance do entendimento
dos alunos {ler e reler algum trecho caso fora selecionado é recomendado}.
1.
Para
além das transformações etimológicas, nota-se que no decorrer da história os
termos “bem” e “mal” sofreram significativas modificações. Essas modificações histórico-culturais
geraram impacto direto no agir humano. O homem transformou os termos de acordo
com seus interesses sociais. Acontece que, as religiões, judaísmo e
cristianismo, impuseram tais valores como vontade transcendente. Uma vontade
divina, que não mais possibilitou ao homem seu desenvolvimento artístico-criativo,
que Nietzsche desenvolve com o termo vontade
de potência.
2.
As
noções que temos do que é bem e mal que perpassaram até hoje, são parecidas com
as das religiões já mencionadas. Não se precisa ir muito longe para
reconhecermos o rebanho ao qual Nietzsche se referia. O desenvolvimento do
homem é inibido devido a essas concepções. Como criar algo plenamente humano
com uma moral que sufoca? O homem é realmente livre nessa perspectiva?
Contrapondo, então não se precisa de uma moral para convivermos em sociedade? É
válido ressaltar pontualmente, com o espírito pré-socrático de sua
argumentação, à qual moral Nietzsche engaja-se a desconstruir.
3.
O
bem e o mal, certo e errado, assim como o belo e o feio e também o forte e o
fraco, são termos que possuem significados e interpretações relativas e jamais
universais, como acreditavam muitos dos filósofos da “tradição”. E relacionado
a isso está também o contexto social, vende-se um “no verão deste ano, bonito é
roupa cor salmão e o penteado tal”. É esse pensar indutivo que cai por terra na
argumentação de Nietzsche. Esta imposição de valores que uma “razão universal”
tende a resolver.
Niilismo
Segue
a definição tradicional de niilismo:
do latim nihil - nada
1.
Redução ao nada; aniquilamento; não
existência.
2. Ponto de vista que considera que as
crenças e os valores tradicionais são infundados e que não há
qualquer sentido
ou utilidade na existência.
Comecemos
explicando desde Platão que escreve em suas obras a respeito da existência de
dois
mundos: sensível e inteligível. Onde mundo sensível é uma cópia do mundo
inteligível, a saber,
mundo sensível é o mundo em que nos encontramos.
No mito da caverna apresenta muito
claramente esse conceito: para compreendermos a verdade
precisamos nos libertar
das correntes que nos prendem no mundo sensível. Primeira concepção niilista segundo
Nietzsche, pois em função do nada agimos, em função de um mundo inteligível,
das formas, das ideias, da ‘’verdade’’ nos conduzimos à ação.
A seguir Aristóteles com o discurso de
um cosmos organizador, que nos permite enquadrar-nos no nosso lugar por
natureza ou se não a sermos escravos daqueles que possuem seu lugar por
excelência.
Os medievais bebem da metafísica dos
gregos e nomeiam um céu que nos conduz a vida eterna, se e
somente se forem
seguidos os valores pregados pela divindade intitulada como Deus.
Na modernidade a ideia de consciência
toma conta do ideal metafísico e se torna princípio norteador da humanidade.
“- Em nome do céu blasfema-se contra a terra”.
“-
Agimos em função do nada, para o nada”.
Essas palavras
representam a noção niilista, em que agimos por deveres impostos por outrem, acreditamos no que nos foi imposto, nos culpamos e nos compensamos com base em
tais convicções. Isso representa o niilismo: se entregar ao nada que é
transcendente ao que aqui no mundo nos aparece como real.
Nas
teorias niilistas acredita-se sem dúvidas na realização dessas utopias
produzidas pelo pensamento humano. “O bem prevalecerá! ”. Mas o que é o bem?
Se tirarmos o aspecto histórico-cultural
resta-nos algum significado para tal palavra? Ademais, o
próprio aspecto
histórico-cultural apresenta contradições nas definições desses termos,
consequente a isso ficamos à mercê de dúvidas.
Criações implantadas psicologicamente
através de castigos, torturas e punições terríveis fazem-nos
sentirmos culpa,
remorso e até nos reconhecermos como maus.
O princípio instintivo
da natureza, o qual todos os seres o desejam, para além do bem e do mal existe
a vontade de poder, soterrada embaixo dos princípios niilistas que nos conduzem
ao nada. Esse princípio nos parece como a mais pura, original e genuína arte
existente na natureza.
A vontade toma um aspecto indefinido
semelhante a arte, um impulso original, uma vontade de poder, livre de
correntes niilistas e noções geradoras de culpa.
Livre de juízos de valores, simplesmente
vontade de poder, a única vontade realmente libertadora,
satisfatória e própria
da natureza.
“O
homem passa agora de artista para a própria obra de arte”.
Finda-se a oficina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário