O senhor de si

Título: O senhor de si

Ementa: Vivemos em sociedade, mas a qual é a sua finalidade? Alguns dizem que ela deveria proporcionar o progresso para todos. Outros dizem que ela deveria proteger a liberdade de cada cidadão. Mas seria certo poder fazer de tudo para um suposto progresso? E, seria certo dar permissão para os indivíduos fazerem o que quiserem em nome da sua liberdade?

Monitores Pibidianos: Patric de Oliveira Peres e Caroline Franchesca Lima

Disciplina: Filosofia

Nível de Ensino: Médio

Série: 2º e 3º anos do Ensino Médio sendo possível a aplicação ao 1º ano do Ensino Médio.

Problema: Organização de uma sociedade.

Tema da unidade: Filosofia e política.

Período de execução do plano: Este plano está formatado para o período de duas horas/aula. 90 min.

Objetivos gerais:

  • Provocar o debate sobre a Liberdade;
  • Indagar sobre diferentes concepções de Contrato Social;
  • Debater sobre a liberdade em relação ao Estado.

Conteúdos constituidores da aprendizagem:

  • Trechos do filme O senhor das armas;
  • Apresentação do curta “Reach - Liberdade além da janela”;
  • Teoria de Locke sobre a liberdade;
  • Teoria de Locke e Hobbes sobre a saída do Estado de natureza;
  • Teoria do Véu da Ignorância de Rawls
  • Debates sobre a liberdade e organização política.

Metodologia:
10 min: Sensibilização
05 min: Liberdade em Locke
20 min: O Estado de Natureza para Locke
20 min: Outro Estado de Natureza (Hobbes)
30 min: O Véu da Ignorância
Metodologia:

Sensibilização
Para a sensibilização fora selecionado um curta metragem de nome Reach. Nele o protagonista é um pequeno robô que busca a sua liberdade, mas é justamente ela que o acaba deixando inanimado.

Liberdade em Locke

A oficina começa com um rápido debate sobre “O que é a liberdade?” No vídeo há um robozinho que tenta sair de onde está e ir junto de um pássaro. Quando ele consegue acaba sua energia e ele se desliga. Um detalhe que pode ser explorado é o primeiro movimento que ele faz antes de querer ir junto da ave. Ele olha para si e se percebe, após se perceber é que ele vê que a algo que ele almeja mais que tudo.
Uma teoria que trabalha em semelhante perspectiva sobre a noção de si é a de John Locke. Para ele a primeira posse que nós temos é a de nosso corpo, ou seja, nós mesmos. A liberdade para o filósofo não está no “querer”, mas sim no “poder de agir ou se abster da ação”
Está liberdade é importante para como o filósofo pensa a sociedade.

O Estado de Natureza para Locke

Para Locke há um Estado de Natureza no qual os homens se unem para terem uma maior chance de sobreviverem. para entender o que seria esse Estado de Natureza, podemos imaginar como se haviam se encontrado os primeiros homens e formaram a primeira cidade. O filósofo não determina isso como se realmente tivesse ocorrido no início da civilização, a coloca como uma situação alusiva, como uma metáfora. Para Locke a formação de um Estado se dá por que racionalmente os homens percebem que estando juntos estarão mais seguros. Então eles estabelecem o Contrato Social para criar um Estado e uma sociedade que garanta os direitos individuais. Sendo eles, o direito à propriedade, o direito à vida e o direito à liberdade. Vale ainda ressaltar que para Locke, todos os indivíduos são iguais e independentes.
Mas toda essa liberdade final tem um custo. Um exemplo disso pode ser percebido no filme O Senhor das Armas.

Trechos para recortar do filme e apresentar;
0;40 até 1; 29
6;40 até 7;48
16;32 até 17;50

Faz-se um pequeno debate sobre o que a liberdade pode trazer de bom e mau para uma sociedade. Mas isso é culpa da sociedade? Do indivíduo? Assim como o vendedor de armas, o vendedor de drogas, o agricultor que cultiva tabaco, suas atividades matam milhares de pessoas, mas são eles os culpados ou quem consome?

Locke não foi o primeiro a pensar a fundação da sociedade deste modo, anterior a ele teve outro filósofo, Hobbes.

Outro Estado de Natureza (Hobbes)

O contratualismo de Hobbes consegue promover uma concepção diferente da lockeana. Da saída do estado de guerra pela busca da autoconservação e garantia de subsistência, Hobbes irá se opor a teoria de Aristóteles a respeito da sociabilidade humana. Para ele, o homem não adentra a sociedade civil por necessidade de conviver com outros indivíduos, mas sim, por interesses mútuos. O objetivo da aproximação será associar a ideia expressada pelo autor a respeito do caos humano, juntamente a concepção do homem em seu estado de natureza descrito por Hobbes.
O homem fora do estado de natureza, aceita por necessidade adentrar a sociedade civil, limitando seu agir de acordo com leis, normas, códigos de conduta e até valores morais e éticos instituídos nela - ou seja, a sociedade irá controlar a conduta humana, ao mesmo passo que o homem terá reprimido em si os seus desejos mais obscuros e inerentes a sua natureza. Neste momento quando ele abdica a toda a sua autonomia para um soberano, é o momento em que ele faz o contrato social. A liberdade para este filósofo é a ausência de impedimentos externos. Entregamos a um soberano todo o nosso poder, apenas se todos o fizerem também. Este soberano é o representante do povo e ele tem o poder e deve usá-lo para ser temido, pois mesmo que o contrato social tenha sido realizado de forma consciente (racional), o indivíduo precisa temer o soberano, para quando a razão fraqueje os seus sentimentos o impeçam de agir de modo errôneo.

Agora pensemos, vimos duas concepções de Estado de natureza e pacto social. Uma trata do homem como um ser que fará qualquer coisa para sobreviver assim ele abdica de todo o seu poder para o soberano apenas se todos os fizerem e assim garantindo sua vida (Hobbes). Como vimos antes em Locke, o Estado é criado para garantir os direitos naturais, a saída do Estado de Natureza não é por medo de sermos mortos, mas por entendermos que é mais vantajoso para todos se abdicamos apenas do nosso direito de nos defendermos por nós mesmos.
Agora tendo estas duas concepções já apresentadas reorganiza-se os alunos em pequenos grupos (quatro alunos) e os coloca a seguintes questões para um pequeno debate.

  • Os dois filósofos estabelecem teorias que se constituem em ideias abstratas (não são fatos, nem mesmo levam em conta a realidade) para formularem as suas políticas ideais. Como seria então, a de vocês? Por que sairiam do Estado de Natureza e sobre que conceitos constituiriam uma nova sociedade? Para isto levem em consideração elementos como o que é o ser humano? Como deve funcionar um Estado? Quais os conceitos que fariam as pessoas agirem corretamente?
  • Agora pensando na sociedade atual, como podemos perceber estas teorias? São elas atraentes ou nem tanto? Por quê?

Após as discussões nos pequenos grupos, cada grupo apresenta as suas resoluções para o restante da turma, ao fim das apresentações, se houver bastante tempo, podem se abrir perguntas de um grupo para outro. Com o fim das apresentações (ou o debate caso tenha acontecido) é apresentado o último elemento teórico.


O Véu da Ignorância

Considerada uma das perspectivas contemporâneas mais influentes a respeito da ideia de justiça social, a teoria proposta por John Rawls propõe fundamentar uma sociedade de caráter justo, partindo de um pressuposto que prevê a divisão de bens e de direitos. Sua teoria caracteriza-se pela ideia de justiça como equidade – ou seja, a lei tem necessidade de caráter geral. Para Rawls, o princípio de justiça tem sua origem em uma espécie de contrato hipotético, e que consiste que seja realizado em uma posição original de igualdade, denominado como o Véu da Ignorância. Rawls irá apontar princípios sob os quais se dá esta hipotética situação, e orientando-se através destes, ele irá contrapor ideais como os do Utilitarismo.
A respeito da teoria utilitarista, ele justifica sua posição a partir do fato de que os direitos e as liberdades fundamentais de cada indivíduo não devem ser trocadas por nenhum tipo de vantagem econômica, sendo este o primeiro princípio de sua teoria. Rawls, irá também abordar no seu segundo princípio a questão a respeito de como deverá ser a forma distributiva dos bens e das riquezas dentro dos termos hipotéticos da situação. Para ele, em primeiro momento, devemos exigir que exista uma distribuição de forma igualitária, tal escolha será baseada na pressuposição de que não temos a noção prévia de qual família iremos pertencer. Partindo assim, para uma alternativa justa frente a impossibilidade de acesso a dados precisos.
Entretanto, de acordo com Rawls, posteriormente será visível a possibilidade de que poderíamos optar por escolhas melhores do que as aceitas até então, mesmo que fossemos da classe mais desfavorecida. Sendo este ideal descrito como o princípio da diferença. Partindo da ideia de que podemos fazer melhores escolhas, a partir de um princípio de igualdade definido, as únicas desigualdades permitidas serão aquelas que serviram para contribuir para o benefício dos menos favorecidos.  
Nesta teoria o filósofo tenta dar uma resposta para um problema que se encontra nas teorias liberais. “Como podemos garantir a igualdade de todos se nem todos estão na mesma condição desde o início?”

Momento final
Para finalizar a oficina se divide a turma em dois grupos. A ideia é que se estabeleça um debate sobre como deveríamos fazer as mudanças necessárias para que todos os cidadãos tenham oportunidades iguais. Um lado teria de argumentar defendendo o estabelecimento de um novo contrato social e o outro que apenas com o véu da ignorância seria capaz de uma reforma bem sucedida na sociedade.
Para o debate, será feito em três momentos. A argumentação, a Réplica e a Tréplica. No primeiro momento, cada grupo terá de apresentar três argumentos para se apoiar. No segundo, cada grupo precisará contrapor os argumentos levantados pelo oponente. E no terceiro momento, contrapor os contra argumentos levantados. Para cada etapa se estipula o tempo de 7 minutos no mínimo, ou conforme permitir o desenvolvimento da atividade.
Finalizada a atividade pode-se abrir um debate e pedir para os alunos coisas como: “Como foi defender uma proposta que não conheciam tão bem?” “Alguém defendeu o lado que achou ser o menos apropriado? Como foi?” Alguém acha que há outra proposta viável?”
REFERÊNCIAS

RAWLS princípios de justiça. Disponível em:  <https://www.youtube.com/watch?v=lNQfnV7VbsY&t=185s>. Acesso em: 20 de agosto de 2017.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: De Spinoza a Kant. São Paulo:

Paulus, 2004. 433 p.

Nenhum comentário:

Postar um comentário