*Elaborado por Rodrigo S. Silva e Viviana Furlan
1º
momento: O encontro com o inesperado, ampliando horizontes e criando bases
para encarar o contexto do problema: a liberdade pela (re)construção ou a
(re)construção pela liberdade?
A liberdade
sartreniana ganhou forma e consistência neste recente encontro olímpico
filosófico. A proposta que moveu diferentes mentes no questionamento interno da
reconstrução de nós mesmos, mostrou-se eficiente e altamente adequada a
sociedade contemporânea que se redescobre em meio às múltiplas incertezas, além
de contribuir ao rompimento com qualquer crença sobre a existência da
identidade única. Sartre e Heidegger foram fragmentos diante dos inúmeros
pensamentos e caminhos experenciados neste grande grupo de discussões
construído em conjunto na etapa da
Olímpiada de Filosofia em Osório. A vivência
interrelacional proporcionada aos integrantes somente despertou ainda mais a
prática da troca de experiências entre a variedade sócio-cultural e pessoal ali
presentes.
Essa diversidade de olhares, desejos e vontade de conhecer para
além, somente enriqueceu o foco direcionador do projeto deste ano. Construção
alimentada entre tantos, por nossa Equipe Liberdade, responsável pela abertura,
desconstrução e reconstrução do tema com auxílio do existencialismo de Sartre,
pincelado pelas trocas de saberes e novas informações ali germinadas. A
condenação à liberdade conduziu-nos ao lançamento de questões sobre o tema com
o posicionamento prático dentro de um dilema provocador. Essa proposta de
debates orientados por diferentes perfis unindo jovens aleatoriamente
desencadeou uma miscigenação de saberes advinda de lugares e visões bem
diferenciadas. O momento reflexivo amparou Heidegger e Sartre na formação e
contestação de argumentos, despertando questionamentos múltiplos que
direcionaram a curiosidade a criação da humanidade, passando pelo “o que” e “o
como” nos fazemos humanos. Se já nascemos ou nos tornamos humanos? Aliás, o que
era realmente ser “humano”? É possível “virmos a ser” humano sozinho? A
incapacidade de nascermos humanos prontos provocou risos, espantos e admiração
com a percepção da possibilidade do homem não ser humano e proporcionou um
debate produtivo visto o reconhecimento e introdução de exemplos como da “Amala
e Kamala” criadas por lobos e que não se adaptaram a condição
humana.
A partir deste ponto a ideia de construção e reconstrução ganhou imensa
força, pois viu-se surgir em meio a conversa espontâneo a seriedade da necessidade
do ser humano de “se formar como tal”, o que mistura elementos da liberdade com
racionalidade e responsabilidade, além de identidade, sociedade e cultura. Satisfatoriamente
discutidos pontos e visões chegou a hora de provocar o desdobrar da “sabedoria”
produzida no diálogo coletivo em prática que desencadeou um segundo grande
momento à Equipe Liberdade. Acompanhe conosco essa nova etapa nas próximas
postagens pessoal, o que acontece quando saímos de um “papo metafísico” para
uma prática real de nossos pensamentos?
2º momento: para além do
blá,blá, blá, hora da provocação, vamos sair da cômoda posição reflexiva para a
ação reflexiva, o desdobrar de um dilema:
E aí pessoal, curiosos
para descobrir como se dá esta passagem de bate-papo descontraído à prática
real de nossos pensamentos. Pois é, meus caros, foi exatamente pensando nisso
que proporcionamos aos nossos “aspirante a filósofos” seu encontro com um
dilema a exercitar tudo que foi visto anteriormente. Um dilema que provocou
neles a reflexão entre a escolha voluntária, involuntária e não-voluntária. Afinal,
onde está a liberdade? Está na ação? Está em mim, ou em mim para com o outro?
Ou ainda em ambos os casos? Mas, como pode estar em ambos ao mesmo tempo? O
momento foi de ficção, mas o exercício da escolha conduziu-nos a prática e
revisão de toda discussão vista na conversa inicial.
O desafio foi simples,
ativamos o imaginário levando nossos estudantes a Alemanha na época nazista. Um
salto ao passado não tão longínquo, mas com um propósito maior, como trabalhar
a liberdade quando necessária em harmonia com a razão, a si mesmo e ao outro.
Você sendo contra a atitude nazista, acolhe uma família judia na casa de seu
tio sem ele saber, um padre que o ensinou tudo que é e sabe sobre olhar da
doutrina cristã, além de cria-lo desde pequeno com a morte de seus pais. Porém
somente aquilo que lhe foi passado não lhe parecia ser mais o suficiente, você
questionava muitas daquelas verdades e buscava outros caminhos quando sozinho
em meio a livros e pensamentos, porém, mesmo desejando ir além, não suportava a
ideia de desagradar ao seu tio que queria tanto que você seguisse seus passos.
A Gestapo bate na casa de seu tio enquanto conversavam sobre seu futuro, seu
tio consegue adiar o inevitável com ajuda de Deus, mas e agora? Como defender a
liberdade de seu caminho, sua decisão, como ponderar? Assumir, esconder, correr
o risco mesmo que seu tio o entregue depois da franca conversa ou que também
seja punido junto a você caso a verdade venha à tona?
Milhões de hipóteses formuladas, em defesa e
contra a revelação ao seu tio da sua vontade e de suas teorias, ambas em defesa
da construção de sua identidade própria e da certeza sobre a responsabilidade
de seus atos. Cada um de nós levou para casa fragmentos dos mais diversos
levantados no grupo além de um questionamento pessoal: responsabilidade,
vontade e liberdade, como desenvolvê-las em mim e exteriorizá-las em ações para
além de mim na vida atual, como construir novos momentos e ideais, como
contribuir às mudanças, sejam elas em mim ou ao meu redor, para hoje, ou para a
posteridade? A história é rica e remonta em tradição, mas e nós? Qual nosso
papel na continuidade dessa história de “humanidade” como fazer parte e almejar
um mundo mais “humanizado” e para além, como proporcionar essas mudanças na
gente, nas nossas ações em alcance às pessoas que dividem esse cenário global
conosco mergulhados numa multiplicidade de cultura? É de se pensar.... e agir....
3º momento: Voltando a
realidade, um novo dia, novos desafios para ficar na memória, misto de saudade
com gostinho de quero mais...
No dia seguinte, entre
variadas retomadas de atividades, novamente um encontro sobre o pano de fundo
da liberdade e identidade cultural, como construí-las, vivenciá-las e
compartilhá-las produtivamente dentro do meu viver na sociedade e no mundo?
Pois é, nossos estudantes mostraram que quando há entrosamento e abertura, nem
sequer somente de palavras se faz entender. A construção, seja individual e/ou
coletiva, se misturou harmoniosamente no progresso à abertura dialógica entre o
pessoal presente. Saber ouvir, saber expressar e o buscar saber se mostraram
ferramentas essenciais a assimilação do processo de reconstrução. Três passos
confirmados com a elaboração criativa da passagem de traços característicos vivenciados
pelos diferentes perfis durante a finalização concreta.
O desafio final estava
em destacar seus aprendizados pessoais dando vida a uma obra de arte na argila
para compartilhar suas experiências no grupo com todo pessoal participante do
projeto, além da criação de um miniteatro que exigiu dedicação, conhecimento e
atitude ao depender apenas de recursos visuais com possibilidade de aplicação
de efeitos sonoros dos mais simples eliminando falas e explicações da cena
produzida. O intuito era desenvolver dentro da simplicidade a exposição da
complexidade a ser captada pela vontade e interação de cada um presente no
ambiente, seja como espectador ou atuante sobre o palco. Ambos eram importantes
em seus papéis ao momento de (re)construção propiciados naqueles breves
instantes.
Parabéns a todos que se deixaram envolver e modificar,
principalmente aos integrantes da Equipe
Liberdade que deram vida e ação ao pensamento dentro e para além de nós! Valeu
ao pessoal do São Caetano que nos acompanhou e aos demais colégios que
interagiram com a gente no grupo e fora dele!!!
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*BOLSISTAS DO PIBID/UCS-FILOSOFIA
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