Oficina: Eu mudo o mundo

IX Olimpíada de Filosofia do Rio Grande do Sul – Etapa Regional – Caxias do Sul

Organizadora: Tenisa Zanoto Boeira
Colaborador: Cristian Luis Dall’agnol Santos
Oficina: Eu mudo o mundo
Tema: Que ações transformam o mundo: como nos relacionados com ele e com nós mesmos?
Ementa: Eu mudo o mundo: Proposta de discussão baseado na condição humana onde somos o que determinado ser, que implica na crença da condição racional da humanidade como autora e atora de suas ações, partindo de si e voltando-se para a responsabilidade sobre o mundo que nos cerca.

Nível de ensino: Médio e Fundamental
Tempo de duração: 1h30min.

Objetivo Geral: Discutir, dentro da temática da IX Olimpíada da Filosofia, a origem e fundamentos das ações, tanto no plano individual como coletivo, que necessariamente transformam o mundo, a fim de estimular mudanças comportamentais tendo em vista um mundo melhor e real.

Objetivos específicos: Investigar o comportamento do jovem e sua ideia de ser atuante na sociedade; Debater sobre o mundo que nos cerca e suas problemáticas; Elencar temas, problemas ou propósitos que afetam nossa sociedade; Propor ações particulares e individuais que indiquem mudanças positivas para o mundo.

Metodologia: Iniciar a oficina a apresentação dos Oficineiros e também dos estudantes. Após, comentar sobre o histórico das Olimpíadas e sua importância no processo educacional. Oportunizar um momento de apresentação a partir da técnica de duplas, onde, por alguns minutos, um estudante conversa com o outro e depois apresenta o mesmo para o grupo.
Distribuir e realizar a leitura do texto:

“Uma história de 4 pessoas

Esta é uma história sobre 4 (quatro) pessoas: TODO MUNDO, ALGUÉM, QUALQUER UM e NINGUÉM.

Havia um importante trabalho há ser feito, e TODO MUNDO tinha certeza que ALGUÉM o faria.

QUALQUER UM poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM fez.

ALGUÉM zangou-se porque era um trabalho de TODO MUNDO.

TODO MUNDO pensou que QUALQUER UM poderia fazê-lo, mas NINGUÉM imaginou que TODO MUNDO deixasse de fazê-lo.

No final TODO MUNDO culpou ALGUÉM porque NINGUÉM fez o que QUALQUER UM poderia ter feito”.


Abrir espaço para discussão e exploração das principais ideias do grupo. Socializar as principais ideias de Sartre acerca do homem e de sua responsabilidade consigo e com o outro. Após essa breve explanação sobre a temática existencialista, realizar a dinâmica com o “Jogo das Perguntas”, onde todos os alunos participam. A atividade consiste em distribuir uma pergunta para cada participante, onde, voluntariamente, o estudante deve responde-la, de forma livre e espontânea, sempre sob a ótica da ação e responsabilidade.
Perguntas:
Se você pudesse hipnotizar alguém, quem seria?
Uma afirmação que você se arrepende muito de ter feito para alguém?
Se sua namorada (o) tivesse somente mais um ano de vida e você não gostasse mais dessa pessoa, você a largaria e tocaria sua vida em frente ou viveria mais esse ano com essa pessoa para faze-la feliz?
Se você tivesse o poder de mudar o curso da história, qual alteração faria?
Você esconderia uma verdade a fim de evitar uma decepção?


Recursos:
Texto: a história de e pessoas; Cartas de perguntas; Papel para montagem do painel; Canetões;

Fundamentação Bibliográfica:
O tema do texto sartreano é fruto do sentimento de angústia da época em que foi escrito. Duas pequenas obras explicitam de maneira clara e objetiva as principais ideais existencialistas: A náusea e O existencialismo é um humanismo, as quais serviram de fundamento para esse trabalho.
Desde o Renascimento, o impulso que movia a humanidade era a ideia da busca pela independência, pela autodeterminação e pelo individualismo (TARNAS, 415), os quais poderiam ser alcançados, pois o racionalismo em vigor na época permitia que os homens se movessem conforme seus desejos. Esses ideais não foram alcançados. Pelo contrário, a modernização originou um processo de produção acelerada e em massa que levou os indivíduos a um estado de alienação originando uma descrença generalizada.
            Ao mesmo tempo em que se expandem relações através da ampliação dos horizontes, via processos de comunicação em massa, o homem assume uma posição alienada frente à imensidão de informações. Esse foi o preço cobrado pelo grande avanço tecnológico. A velocidade do movimento de modernização não foi acompanhada pelo homem.
            A consciência da futilidade da vida causa-lhe um sentimento que o atormenta. É o que Sartre denomina de “náusea”, ou seja, um sentimento que provoca uma ruptura consciente do mundo material, que leva o indivíduo a tomar consciência da sua contingência através do seu distanciamento temporal e material.
No diário metafísico, ou seja, na obra A Náusea, o personagem sartreano percebe a gratuidade da existência, mas, apesar disso, o homem não pode se ver livre da sua responsabilidade, pois “quando dizemos que o homem se escolhe a si, queremos dizer que cada um de nós se escolhe a si próprio; mas com isso também queremos dizer que, ao escolher-se a si próprio, ele escolhe todos os homens” (SARTRE, 1978, p. 6).
            O homem, assim como a humanidade, torna-se responsável pelos seus atos. Quando os indivíduos percebem a sua responsabilidade e não a assumem, sentem um mal-estar, constituído exatamente por essa sensação de vazio e de indiferença perante a vida. A liberdade não elimina a responsabilidade, pelo contrário, é ela que a gera. Quando os indivíduos sentem esse mal-estar, esse vazio interior, essa angústia, vem o sentimento da “náusea”. Roquentin percebe sua postura indiferente com a vida e com os outros e percebe também essa postura nas pessoas que o cercam, é por isso que ele passa a sentir a náusea. O principal fator que causa a náusea é a falta de postura crítica, de engajamento.
            No momento em que o indivíduo sente um aborrecimento ou percebe que algo na sua vida deveria ser diferente, ele sente a náusea e toma consciência de que seus atos não são automaticamente justificados, ou seja, se a situação que se apresenta a esses homens lhes causa aborrecimento, ela foi originada pelo próprio homem, que é o único responsável por seus atos. Nenhum ato humano deve ser visto ou sentido como um ato em vão, pelo contrário, cada ação implica uma consequência. São de caráter e responsabilidade estritamente humanos as consequências desses atos. Giles (1989, p. 285) resume a náusea como sendo, “ao mesmo tempo, a questão do porquê de nossa vida, e a terrível vertigem de não sentir resposta imediata a essa questão”.
            No momento em que o homem não sente uma justificativa sensata para a sua existência, ele aterroriza-se com a gratuidade da vida, a responsabilidade é por si só o motor que o obriga a continuar a viver.
            Juntamente com a angústia vem o sentimento de responsabilidade. Para Sartre, a idéia de liberdade está ligada exatamente à situação que se impõe aos homens, ou seja, “pois não há liberdade a não ser a engajada em determinada situação. É esta precisamente a facticidade, isto é, a irremediável contingência de nossa existência sem meta e sem razão” (GILES, 1989, p. 284).        Essa gratuidade de existência é mais um conceito que Sartre explora n’A Náusea. É como se fosse um estrangeiro na sua própria terra. Enquanto Roquentin, personagem da trama, que tem plena consciência de onde se encontra, percebe a gratuidade da existência primeiramente nas coisas ao seu redor para então sentir a sua própria contingência:

Mas eu, ainda agora, tive a experiência do absoluto: o absoluto ou o absurdo. Aquela raiz – não havia nada em relação a ela que não fosse absurdo. Oh! Como poderei fixar isso com palavras? Absurdo: com relação às pedras, aos tufos de raiva amarela, à lama seca, à árvore, ao céu, aos bancos verdes. Absurdo irredutível; nada – nem mesmo um delírio profundo e secreto da natureza – podia explicá-lo. Evidentemente eu não sabia tudo, não assistira à germinação nem ao crescimento da árvore. Mas diante daquela grande parte rugosa, nem a ignorância, nem o saber importavam: o mundo das explicações e das razões não é o da existência (SARTRE, 1983, p. 191).

            Sartre, no entanto, percebe a diferença entre o homem e a raiz. A raiz está simplesmente presente, sua utilidade não permite que ela se autoexplique, suas características físicas também não dizem quem ela é. Sua existência puramente é. A partir daí se estabelece um campo conceitual entre o objeto percebido e o sujeito que percebe, ou seja, é possível distinguir um objeto da consciência e o ser consciência. Se, portanto, a raiz pertence ao conjunto de objetos capazes de serem apenas percebidos e não de perceber, conseqüentemente, ela não tem consciência de sua existência, portanto não pode ser livre.
Sartre afirma que “o que desde já podemos dizer é que entendemos por Existencialismo uma doutrina que torna a vida possível e que, por outro lado, declara que toda a verdade e toda a ação implicam um meio e uma subjetividade humana” (SARTRE, 1978, p. 4). Assim, diferentemente da visão presente sobre o homem na época, que era uma visão pessimista e dilacerada pelo momento pós-guerra vivido de fato, Sartre, através de suas ideias, expõe uma nova visão de homem, mais humana, que fornece ao homem liberdade, capacidade de autodomínio, poder de decisão.
Ao afirmar que a existência precede a essência (SARTRE, 1978), abstrai-se da existência do homem toda e qualquer influência advinda de um ser superior como Deus. Essa é a ideia fundamental do Existencialismo. Para melhor compreender o significado dela, é preciso rever o que quer dizer essência. A essência é o que faz com que uma coisa seja o que é, e não outra coisa. A essência de uma cadeira é o ser cadeira, aquilo que faz com que ela seja cadeira e não armário. Não importa o material com que ela é constituída. Importa que tenha as características que nos permitam usá-la como cadeira.
No texto O existencialismo é um humanismo (1978), Sartre usa como exemplo um objeto fabricado qualquer, como um livro ou um corta-papel: neles a essência precede a existência. Igualmente, se imaginarmos um Deus criador, o identificamos como um ser superior que cria o homem segundo um modelo, tal qual o um operário fabrica um corta-papel. Daí deriva a noção de que o homem tem uma “natureza humana”, encontrada igualmente em todos os homens. Portanto, nessa concepção, a essência do homem precederia a existência. Não é essa, no entanto, a posição de Sartre ao afirmar que a existência precede a essência:

Significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há natureza humana, visto que não há Deus para a conceber. O homem é, não apenas como ele se concebe, mas como ele quer que seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência; o homem não é mais que o que ele faz. Tal é o primeiro princípio do existencialismo (SARTRE, 1978, p. 06).

Sua preocupação é de que o homem, diante de suas escolhas, assuma a responsabilidade de uma opção. Essa responsabilidade é que gera a angústia, pois cada indivíduo está pronto a escolher tanto a si como a humanidade e não escapa a essa situação.
Apesar da mistura de valores deste século, apesar de o homem viver sozinho e sem ajuda nessa confusão, ele é livre e responsável pela sua liberdade. Somos livres para dar sentido a qualquer coisa, mas temos que dar sentido a alguma coisa. O ato de assumir o ser, caracteriza a realidade humana, existir é assumir o ser, portanto a realidade humana é sempre um eu que compreende a si próprio, fazendo-se humano por tal característica. O princípio de Sartre é a não existência de Deus, o homem não tem ao que se apegar. Somos livres e responsáveis por nossos atos. Chega-se à conclusão de que nada justifica a existência, o tédio dos dias e das noites, caminhos obscuros e desertos, o cotidiano:

Três horas. Três horas é sempre muito tarde ou muito cedo para o que se quer fazer. Um momento da tarde bastante peculiar. Hoje está intolerável. Um sol frio clareia a poeira das vidraças. Céu pálido, mesclado de branco. De manhã os córregos estavam congelados. E sou digerindo pesadamente, perto do calefator, sei de antemão que será um dia perdido (SARTRE, 1986, p. 31).

Mas isso não o livra da liberdade e da responsabilidade, que são da essência do homem, uma liberdade sem conteúdo torna-se amargura, náusea. Uma vez não tendo essência, a liberdade deve fazer-se, criar-se. A consciência se lança no futuro distanciando-se do passado. A necessidade de escolha deve sempre se impor, ou seja, deve sempre estar dentro dos meus projetos.
O cumprimento, mas ao mesmo tempo a barreira à minha liberdade, é a existência do outro para quem me torno objeto. Sartre vê duas atitudes possíveis: ou se reconhece a existência do outro como um sujeito livre ou se volta para o outro com a intenção de usá-lo, ferindo sua liberdade. A existência do outro é, portanto, condição para a liberdade individual.
Para Sartre, o desespero significa que o homem se limita a contar com o que depende de sua vontade ou com o conjunto de probabilidades que tornam possível a ação. Agir sem esperança é agir sem contar com os outros homens, que além de desconhecidos, são livres, pois não há ‘natureza humana’ na qual seja possível agarrar-se:
Mas eu não posso com homens que não conheço, apoiando-me na bondade humana e no interesse do homem pelo bem da sociedade, sendo aceite que o homem é livre e que não há nenhuma natureza humana em que eu possa basear-me (SARTRE, 1978, p. 13).

O ponto de partida do Existencialismo sartreano é a subjetividade, o cogito cartesiano, que apreende a verdade absoluta da consciência na intuição de si mesma. Na subjetividade existencial, porém, o homem não atinge apenas a si mesmo, mas também os outros homens, como condição de sua existência. O que o cogito revela é a intersubjetividade, na qual o homem decide o que é e o que são os outros:

O nosso ponto de partida é, com efeito, a subjetividade do indivíduo, e isso por razões estritamente filosóficas. Não por sermos burgueses, mas por querermos uma doutrina baseada na verdade, e não um conjunto de teorias bonitas, cheias de esperanças, mas sem fundamentos reais. Não pode haver outra verdade, no ponto partida senão esta: penso, logo existo: é aí que se atinge si própria a verdade absoluta da consciência (SARTRE, 1978, p. 15)

Não há natureza, mas condição humana. O homem é sempre "situado e datado", embora o conteúdo de sua situação varie no tempo e no espaço. A liberdade não se exerce no abstrato, mas na situação. O homem é, portanto, um ser histórico, com a condição invariável de estar no mundo, “de lutar, de viver com os outros e ser mortal” (SARTRE, 1978, p. 16)
Não é como a raiz, que Roquentin, ao olhar para um castanheiro, atenta-se às suas raízes e tem a impressão de existir à maneira de uma coisa, de um objeto, de estar aí, como as coisas são. Tudo lhe surge como pura contingência, sem sentido:

Mas eu, ainda agora, tive a experiência do absoluto: o absoluto ou o absurdo. Aquela raiz – não havia nada em relação a ela que não fosse absurdo. [...] Mas diante daquela grande pata rugosa, nem a ignorância, nem o saber importavam: o mundo das explicações e das razões não é o da existência. [...] A raiz, ao contrário, existia na medida em que eu não podia explicá-la. Nodoso, inerte, sem nome, ela me fascinava, enchia-me os olhos, reconduzia-me constantemente para sua própria existência (SARTRE, 1986, p. 191).

Diferente da raiz, o homem tem consciência da sua existência, é a experiência da realidade. O homem não é um "em si" ele é um "para si", que a rigor não é nada. A consciência não tem conteúdo e, portanto, não é coisa alguma. Esse vazio é a liberdade fundamental do "para si". É a liberdade, movendo-se, por meio das possibilidades, que poderá criar-lhe um conteúdo. Eis o que o homem, ao experimentar essa liberdade, ao sentir-se como um vazio, experimenta a angústia da escolha. Muitas pessoas não suportam essa angústia, fogem dela aninhando-se na má fé:
Pode-se julgar um homem dizendo que ele está de má-fé. Se definimos a situação do homem como uma escolha livre, sem desculpas e sem o auxílio, todo homem que se refugia na desculpa que inventa um determinismo é um homem de má-fé. [...] A má-fé é evidentemente uma mentira, porque dissimula a total liberdade do compromisso (SARTE, 1978, p. 19)

A má fé é a atitude característica do homem que finge escolher, sem na verdade escolher. Imagina que seu destino está traçado, que os valores são dados; aceitando as verdades exteriores, "mente para si mesmo", que é o autor dos seus próprios atos. Não se trata propriamente de uma mentira, pois essa supõe os outros, para quem mentimos. A má fé caracteriza-se pelo fato de o indivíduo dissimular para si mesmo, a fim de evitar fazer uma escolha, pela qual possa se responsabilizar. O homem que recusa a si mesmo aquilo que fundamentalmente o caracteriza como homem, ou seja, a liberdade. Nesse processo, recusa a dimensão do "para si", torna-se um "em si", semelhante às coisas, a própria raiz do castanheiro.
 Ao priorizar o homem, Sartre busca afirmar que primeiro o homem existe, depois ele se constitui. Assim cada um tem a liberdade e a capacidade de se definir como quer. O homem tem a opção de ser um covarde, como tem a opção de ser um herói e pode mudar de posição a todo e qualquer momento, basta querer. A essência deixada num segundo plano por Sartre é algo que pertence ao criador, é algo pré-determinado, indiscutível e imutável. Não é disso que o homem da época precisava, nem o que ele queria para si. Essa liberdade de escolha, tanto no parâmetro particular quanto no universal, é o que definirá uma nova sociedade para a época.
Nesse sentido, o verbo de maior ênfase na filosofia de Sartre é o “projetar-se”. Isso porque cabe ao homem, conforme a condição de poder escolher o que quer ser, projetar-se no mundo, optando por um novo estilo de vida, por um novo encaminhamento quanto à sua condição de ser no mundo. Desse modo, a solução para o homem moderno é o engajamento, ou seja, a tomada de consciência. Assim o homem percebe que ele é um ser-no-mundo, passível da angústia:

Significa isso: o homem ligado por um compromisso e que se dá conta de que não é apenas aquele que escolhe ser, mas de que é também um legislador pronto a escolher, ao mesmo tempo que a si próprio, a humanidade inteira, não poderia escapar ao sentimento da sua total e profunda responsabilidade (SARTRE, 1978, p. 7).
           
Portanto, compete ao homem lutar contra todo e qualquer tipo de quietismo e inação, pois ele assume um compromisso de escolher e não pode evitar fazê-lo. Esse sentimento de angústia não é algo fantástico, e sim, normal, sendo que todos são capazes de senti-lo. Sartre ainda denomina a angústia como uma decisão, ou seja, torna-a ainda mais natural aos homens, pois compete a todos eles, quaisquer que sejam suas raças, classes sociais ou credo, afinal “o homem está condenado a ser livre” (SARTRE, 1978, p. 9).
            O engajamento, inclusive político, é, em suma, para o homem, a sua única salvação, o modo pelo qual ele exercerá plenamente o seu direito, e mais, o seu dever de homem: “Assim sou responsável por mim e por todos, e crio uma certa imagem do homem por mim escolhida; escolhendo-me, escolho o homem” (SARTRE, 1978, p. 7).
            Nesse sentido podemos dizer que a filosofia proposta por Sartre é, antes de tudo, uma filosofia humanista, como quer o próprio filósofo, porque pretende, antes de tudo, levar em consideração o homem e a consciência de sua existência. Isso significa dizer que o homem, enquanto consciente de sua existência no mundo, sente a náusea e procura corrigi-la através de suas ações. Esse sim é um homem engajado, que assume uma atitude perante o mundo que o cerca, que faz uso de sua liberdade escolhendo não somente a si, mas a toda a humanidade e assume a responsabilidade pelos seus atos. Conclui-se que o Existencialismo é uma moral da ação, porque considera que a única coisa que define o homem é o seu ato. Ato livre por excelência, mesmo que o homem esteja sempre situado num determinado tempo e lugar. Não importa o que as circunstâncias fazem do homem, mas o que ele faz de si mesmo.

Avaliação: Após o intervalo, os estudantes voltam a se reunir nas suas salas iniciais. A proposta é que nesse momento, se realize um levantamento sobre as ideais e discussões levantadas e se construa um painel a partir dessas conclusões a ser apresentado no grande grupo ao término da atividade.

Bibliografia:
GILES, Thomas Ransom. Dicionário de filosofia: termos e filósofos. São Paulo: EPU, 1993.
______ História do existencialismo e da fenomenologia. São Paulo: EPU, 1989.
SARTRE. Jean-Paul. O Existencialismo é o Humanismo. Sel. José Américo Motta Pessanha. Trad. Rita Correia Guedes, Luiz Roberto Salinas e Bento Prada Junior. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
______. A náusea. 4. ed. Trad. de Rita Braga. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1986.
TARNAS, Richard. A epopéia do pensamento ocidental. Trad. Beatriz Sidou. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

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