Oficina: RPG interdisciplinar sobre a Grécia Clássica



RPG interdisciplinar sobre a Grécia Clássica

Disciplina
: Filosofia, Geografia, História e Sociologia.

Nível de Ensino: Médio

Série:
A atividade foi planejada com o intuito de ser aplicada nas turmas de 1º ano em oficinas que viessem de encontro com o tema Grécia Clássica. A oficina foi pensada como um encerramento da matéria desenvolvida ao longo do trimestre e, assim, corroborando com o currículo interdisciplinar da área de ciências humanas.

Competências e Problemas:
A atividade é desenvolvida a partir da competência de argumentação dos alunos, percepção de contexto histórico inserido, localização geográfica, análise de perfil de personagem, entre outros. Os problemas partem ao longo da atividade e são, devido a natureza desta, abertos a várias problematizações. Alguns tópicos são: a esmola; os mitos; o papel da mulher; destino pré determinado ou não; justiça.

Tema da unidade: Grécia Clássica.

Período de execução do plano:
Esta atividade foi elaborada para dois períodos de 45 minutos concomitantes. Sendo preferível ser executado deste modo devido a imersão necessária para a execução da atividade. Graças a flexibilidade do projeto, pode ser aplicado em um espaço de tempo mais longo (três ou quatro períodos, por exemplo) ou mais curto, caso já tenham sido feitas as preparações com os alunos participantes.
Avaliação:
Devido ao caráter de encerramento de um eixo temático a avaliação pode ser feita a partir das falas dos alunos, em seus argumentos construídos, na sua interpretação do contexto histórico inseridos, na localização geográfica em mapa, nas compreensões  sócio-políticas que são necessárias para a construção do agir dos personagens e no seu comprometimento com a atividade. Deste modo é possível avaliar o aprendizado dos alunos em relação aos assuntos já trabalhados em sala de aula como também a participação destes na atividade.

Objetivo geral:
Contribuindo de forma lúdica para uma melhor fixação do conteúdo desenvolvido assim abrindo a possibilidade de novas construções e relações dos conhecimentos trabalhados pelos alunos. Auxilia no processo de argumentação, na resolução de problemas e também trabalha a função criativa dos participantes.

Objetivos específicos:
Aprimorar o processo de argumentação, a resolução de problemas e também a função criativa dos participantes.

Conteúdos constituidores da aprendizagem:
  • Escolhas, decisões e ações;
  • Juízos morais e juízos éticos;
  • Interpretação de personagem;
  • Geo localização;
  • Postura crítica-reflexiva;
  • Imersão em contexto histórico;
  • Criatividade e resolução de problemas.

Material necessário:
  • 5 folhas A4 para imprimir o plano de fundo de cada personagem, o seu perfil (alternativamente: uma folha para cada aluno participante);
  • 3 folhas A4 para imprimir os mapas. Dois do mesmo mapa por folha e recortar a folha ao meio. De preferência imprimir colorido e com boa resolução;
  • 30 folhas A4 para imprimir os argumentos. Dividir em: argumentos a favor e contra e recortar em dois;
  • 2 dados de seis lados (alternativamente: um dado para cada grupo e um dado para o mestre);
  • Quadro negro e giz para marcar a posição de cada grupo em cada fase de argumentação. seus sucessos e falhas (alternativamente: usar uma folha A4, tablet, notebook, etc…).
OBS: As folhas de plano de fundo dos personagens, as folhas com argumentação e os dados poderão ser reutilizados na execução da atividade com outros participantes a critério dos bolsistas.

Metodologia:
O local em que será aplicada a atividade precisa estar com as classes na formatação de “U”. Assim possibilita que o Mestre (aquele que comanda o RPG - geralmente um bolsista do PIBID) possa ser visto por todos, assim como os alunos possam ver seus colegas argumentando durante a atividade.
A atividade pode ser melhor desenvolvida quando se tem, além do mestre, o auxílio de mais professores (bolsistas do PIBID no caso). Devido a necessidade de alguns alunos na  ajuda da construção de seus contra argumentos.
Os alunos devem ser separados em cinco grupos de mesmo número (de preferência). Cada qual responsável por interpretar um personagem. Cada grupo é responsável por construir um contra argumento que será dito por um dos alunos por meio da interpretação do personagem ao qual foram incumbidos. Destacasse aqui para uma melhor experiência da atividade que o aluno que vá interpretar realmente se posicione como sendo ele o personagem independente da sua opinião ser diferente de seu personagem (por exemplo: Eu sou contra X e interpreto Sócrates seria favorável a X).
O jogo acontece a partir de uma narrativa (anexo 1) que conta a história da viagem dos personagem pela Grécia antiga. A narração é feita pelo Mestre, que de antemão conhece a história e o plano de fundo dos personagens. Cada grupo recebe sua ficha de personagem, destacando quais alunos que irão interpretar, qual seu nome e a história do personagem.  Ao se depararem com os problemas no caminho os alunos são convidados a se posicionar favoráveis ou não as situações problemas (aquelas de natureza argumentativa). Do seu posicionamento um primeiro argumento será lançado pelo mestre que interpretará os personagens que se encontram na história. Cabe aqui ser ressaltado que os alunos tenham a ficha dos argumentos que eles terão de contra argumentar para que não ocorra um desvio do argumento inicial. A cada personagem de igual posicionamento é feito a mesma questão.
O contra argumento do personagem será pontuado da seguinte forma: o valor do dado (entre 1 e 6) mais um valor de 1 à 3, segundo a coerência e execução do contra argumento (deste valor é dado de acordo com a deliberação do Mestre). Desta maneira segue-se o valor do contra argumento como: valor do dado mais 1 (um) caso o argumento seja ruim, não dando conta do argumento lançado ou não houve uma interpretação do personagem ou haver um argumento igual ao já dito por outro personagem. O valor do dado mais 2 (dois) se o argumento foi moderado, respondendo o argumento, mas sem ter uma boa construção. E o valor dado mais 3 (três) caso o argumento seja bom, apresentar boa construção e ser pertinente ao debate. Os contra argumentos são convincentes e eles convencem o Mestre quanto o valor do dado lançado mais o valor somado do argumento for superior ao valor do dado lançado pelo mestre. Se isto ocorrer então o personagem venceu o debate. Caso não aconteça, há uma nova rodada iniciada com outro argumento apenas para aqueles que falharam na rodada anterior. A necessidade de jogar os dados pode ser tematizada segundo o tema da atividade, aqui podemos falar da “vontade dos deuses” uma vez que o plano de fundo da história é a Grécia Clássica. Isto pode ser modificado para cada história como o mestre julgar necessário.
Anexo 1

A ideia é que os alunos ao encontrarem os desafios argumentem. O mestre deve fazer o papel de instigar o debate usando argumentos que sejam contra ou a favor das escolhas dos personagens. Ou seja, nas situações onde ele deve optar por uma ação é um momento de debate. Dada a contra argumentação do aluno é rolado os dados, cuidando para que:
  • Se a resposta do aluno for muito simples (respostas como: “sim”, “não”, “não sei”, “como disse meu colega” ou qualquer outra que não se caracterize por argumento) deve ser dado o valor de +1;
  • se o argumento do aluno for bom e consistente (se caracterize por um argumento, que respeita a lógica, não decorre em apenas contradizer a fala do mestre) ao argumento do aluno é somado +3;
Para passar por cada desafio deve ser jogado um dado de seis lados e se o aluno retirar n° maior do que o mestre o argumento do aluno ganha e ele “convenceu” o personagem não jogável (mestre).
É necessária a construção de uma planilha na qual conste todos os personagens e seja marcado cada ato de forma que a pergunta sempre esteja direcionada para cada agente. Também deve ser marcado aqueles que já passaram e aqueles que precisaram de mais
No ano de 399 a.c.


Após todos se encontrarem na saída de Atenas e começam a sair, Todos dão seus primeiros passos rumo a Delfos;

Primeira parte

Nem saem da pólis e um homem maltrajado aparece (pede uma esmola);
  • “Olá meu nome é Dolon, sou um desafortunado que os deuses assim preferiram que eu me mantivesse. Aos viajantes eu peço uma esmola! Quem de vocês pode me dar uma esmola?”
Argumento a favor do dar esmola;
  • Acreditem que eu, ao receber esta esmola estarei de algum modo ajudando a estabelecer uma certa harmonia na pólis.E não seria a harmonia fundamental para o bem da Pólis?;
  • Sua boa ação será lembrada por nós, pois não esquecerei e espero que não esqueça, pois em seu retorno poderei lhe compensar em algum serviço.Isto lhe parece justo?
  • Você que foi dotado de habilidades e que na vida teve uma série de oportunidades, diferente de mim um pobre miserável que nada tive na vida, achas que não seria justo compartilhar seu mérito, a fim de ajudar um pobre coitado como eu?
  • Estou prestes a morrer de fome e nessa situação não me resta outra opção senão receber a sua ajuda com alguns trocados, caso o senhor seja bondoso e resolva me ajudar saiba que os Deuses estarão vendo e irão recompensar-te por tal atitude. Acredita que isso aliviaria esta dor?
  • Não tenho emprego, nem família e nada a perder, poderia estar roubando alguém dessa pólis, porém ainda acredito na bondade das pessoas e espero que elas me ajudem a superar essa minha situação. Você não acredita nisso?
  • Pelo que posso perceber estão saindo para uma longa viagem, vejo pela bagagem, não me parecem da mesma família, tão pouco me parecem ligados por um mesmo ideal, buscam o que? Cada um de vocês precisará em algum momento de ajuda, vão precisar de abrigo, de informações, de boa vontade. Eu busco apenas uma esmola para me alimentar, não seria justo ajudar-me?

Argumentos contra dar esmola;
  • Devido ao fato de estarem em uma viagem sem saber ao certo o que os aguarda, porque ainda me dão esta esmola?
  • Talvez você tivesse recusado me dar esmolas, talvez você em algum momento precise de alguma esmola, o que acha?
  • Não teme que eu a gaste bebendo hidromel ou use a esmola de modo indevido? Fazendo de sua boa ação um futuro mal?
  • Seria você um virtuoso ou apenas um tolo? Como sabe se o que me deu é exatamente o justo ou o certo?
  • Me dando esta esmola não teme que seus companheiros sintam uma desconfiança? Afinal você gastou um pouco do tempo de viagem e seu dinheiro com um infortunado?
  • Que Themis seja a motivadora desta ação! Pois não faz isto para apenas aliviar sua mente de sua condição social superior?

Ao final, Dolon pede desculpa pelo inconveniente e deseja boa sorte a todos os viajantes.


Segunda Parte

Primeiro acampamento se dá em uma estrada indo para a pólis de Pireu, onde encontram “um cidadão” que fala sobre a constelação de “ursa maior”. PODE ser usado aqui o projetor no quadro com a imagem das estrelas onde o mestre “desenhará” a constelação “ligando” as estrelas e mostrando a constelação;

História de calisto:
Zeus apaixonou-se por Calisto, a bela ninfa dos bosques e companheira de Ártemis. Zeus ficou de tal modo fascinado pela sua beleza que, para se aproximar dela, tomou as feições de Ártemis. Calisto acolheu Zeus sem desconfiança mas, quando reconheceu o seu erro já era tarde demais, e concebeu dele um filho que se chamou Arcas. Hera, esposa de Zeus, ficou furiosa e castigou Calisto transformando-a numa ursa. Um dia, a irreconhecível Calisto e Arcas se encontraram. Calisto abriu os braços para acolher o filho, mas este, julgando-se atacado pela gigantesca ursa, preparou-se para a matar. Na última hora, Zeus evitou a tragédia e transformou Arcas num pequeno urso, arrastando ambos para os céus. Hera, contudo, empurrou os dois para perto do Pólo Norte onde as estrelas são sempre visíveis — assim nunca teriam descanso. Arcturo, a brilhante estrela do Boieiro, ficou de guarda às ursas para que não se afastem do gélido pólo.

“Pergunto a vocês o que acham dessa história? Acham que estes contam são válidos ou apenas mitos que nos contam? Vocês acreditam nisso?”
Argumento a favor da mitologia;
  • Sem os mitos não seríamos capazes de progredir, eles são uma importante lição que aprendemos de nossos antepassado e passaremos para nossos filhos.Não acham válido um povo cultuar uma tradição?
  • Eu fui educado a partir destas histórias e hoje sou um bom homem. Acham que esta educação não cria bons homens ou o fantástico apenas nos ilude?
  • Os mitos são fascinantes devido a sua abertura para a criação de novas histórias e diversas simbologias. Não acham que este exercício ajuda a um homem desenvolver seu intelecto?
  • Os mitos podem ser ferramentas para um homem suportar os grandes mistérios da sua existência. Devemos desencorajar um homem que precise dessas histórias?
  • Do mesmo modo que temos as nossas histórias outros povos terão as deles. Teríamos de impor histórias iguais a todos? Não acabaríamos com as riquezas culturais?
  • A mitologia serve para dar uma primeira educação, onde suas histórias trazem sempre algo de moral que pode ser ensinado para os mais novos! E assim, quem sabe inspirar jovens a serem os próximos heróis! O que acha?
Argumentos contra a mitologia;
  • São belas histórias, mas falham por serem fantasiosas e irreais assim impossíveis de terem acontecido ou acontecerem. Não acham que isto pode iludir um homem?
  • Do mito ser algo passado de geração em geração isto não acarretaria em uma mudança nas lendas uma vez que sempre se acrescenta uma parte e de vez em quando se esquece de outra parte?
  • A mitologia não será apenas uma forma de manipular o povo? De amedrontá-los com uma ideia de “possível” fúria dos Deuses e assim controlar suas ações?
  • A mitologia pode criar imbecis que se acham deuses e assim estes querem massacrar o seu e outros povos. Sabemos que isto é verdade, não acha?
  • O mito não dá abertura para a Physis e sendo assim ela tenta explicar as coisas deste mundo por seres que não vivem neste mundo. ?
  • Se os deuses têm problemas divinos, por que eles se colocariam neste plano para resolverem problemas mortais?

“Devo dizer que todos têm bons argumentos para defenderem as suas visões. Eu seguirei com a minha opinião e espero que tenha sido tão proveitosa esta noite a vocês quanto foi a mim. Depois de tanto falar o que minha cabeça precisa é descansar!”

O grupo dorme, de manhã acorda e logo segue a estrada.

Terceira parte A mulher é barrada por soldados em Mégara,

Após muito caminhar o grupo chega a pólis de Mégara, lá ao chegar nas fronteiras encontram um soldado que os fita. Ao se aproximarem o soldado intervém;
“Metecos! Fui instruído a impedir mulheres de chegarem até o mercado de Mégara devido a nossa celebração à Zeus! Como são atenienses e julgo que precisam sofrer ainda mais pelo  "decreto megariano" que emitiram com o propósito de devastar a economia desta pólis. Então os homens não vejo nenhum mal de enfrentarem o ódio de meu povo. Agora se querem levar junto esta mulher! Me deem bons motivos para deixar ela ir!”

Argumento a favor da liberdade da mulher;
  • Ela está em busca de algo justo? Algo que condiz com sua natureza, o que é de direito de todos os que são dignos?
  • Esta mulher é espartana, e possui mais direitos que as mulheres de quaisquer outras pólis, possui além disso grande habilidade física pelo o que vejo. O que te faz julgar ela inferior?
  • Por mais que a viagem seja ou tenha sido arriscada. Ela escolheu estar aqui com este grupo isto não a faz ciente de seu destino?
  • Como ela sendo espartana eu não me sinto a vontade de lhe fazer graças. Mas por ser uma parideira de bons guerreiros devo respeitar ela?
  • A sua ignorância não o deixa ver que, as mulheres assim como os homens, possuem os mesmos atributos da espécie humana, e são elas capazes de alcançar um potencial em suas ações tanto quanto os homens. Qual é a base para impedir que a mulher seja uma igual?
  • Você não pode esquecer que se as mulheres fossem menos importante que os homens, vocês jamais necessitariam delas para a reprodução da espécie. Então desconsiderá-la dessa maneira é algo ofensivo e mal educado da sua parte, pois graças ao esforço da mulher pode-se então haver a reprodução da espécie humana. Qual a seria sua posição contra isso ?



Argumentos contra a liberdade da mulher;
  • Uma mulher não pode falar em público, dirigir-se a outrem, muito menos se não estiver acompanhada de seu responsável. Digam me quem é o responsável por esta mulher?
  • Que tipo de mulher ela é? Seria uma escrava? Uma esposa submissa ou uma Heitara?
  • Por ser espartana isto te faz superior do que as outras mulheres?
  • Você aceita que ela passe junto, pelo fato de que em meio ao percurso já realizado até aqui entre vocês criou-se então alguma espécie de vínculo? E graças a esse vínculo você não percebe a inferioridade de uma mulher?
  • Você fala nos direitos dela como cidadã ou como mãe, sem ao menos compreender os direitos dados a cada cidadão desta pólis, que diferente de Esparta, aqui uma mulher não tem tanta importância, e por isso não foram dados a ela os mesmos direitos de lá onde vocês vieram. E considerando os” nossos direitos” vocês não deveriam talvez respeitar-nos e seguir a nossa lei?
  • Se nós permitirmos a entrada dessa mulher aqui nesta Pólis, todo o povo de Mégara verá uma contradição na própria lei e cobrará direitos exclusivos para cada caso particular. Então a fim de não causar uma certa ruptura na legislação de Mégara entenda as consequências maiores de tal ação, do que simplesmente olhar só para as suas necessidades e exigir a sua entrada na cidade. Não achas que está sendo um pouco impulsiva e ignorante ao tentar infringir leis de outras pólis simplesmente por suas necessidades particulares ?

“De qualquer modo estarem com ela irá piorar a situação de vocês dentro desta pólis, vão e divirtam-se com a sorte traçada pelas Moiras. Qualquer coisa juntarei seus restos com o solado do meu calçado. Agora saiam de minhas vistas!”

O grupo entra na cidade e logo começa a ser encarada. Olhos os espreitam em cada casa e em cada esquina. Após andarem e ouvirem diversos sussurros e alguns berros os insultando, encontram uma saída e por ela saem.
 
Quarta parte

Os personagens se perdem em algum lugar e precisam se localizar com auxílio de um mapa;
Estão em uma cidade onde a arte chama muito a atenção, há vários vasos muito bem adornados. O mar fica ao norte da pólis e lá há um grande porto. Sabem que a última cidade ficava a leste. Devido a o último incidente na outra pólis todos decidiram ser prudentes e tentarem descobrir qual era esta cidade. Um mapa é retirado de uma das bolsas e o grupo encara o mapa. 750px-Map_Macedonia_200_BC-fr.svg.pngDado que a cidade é Corinto e nela a principio não haveria problema algum. Decidem por adentrar no cais e ver se conseguem uma carona já que saíram da rota. No cais se deparam com Fémio que ouve o grupo pedindo carona para o seu “destino”. Fémio fica intrigado com aquilo e disse que se o convencesse que existia ou não um destino ele os levaria junto.

Quinta parte

Um pouco antes de chegar em Delfos, na frota de navios que estão um cidadão de Corinto, Fémio questiona sobre a ida;
“Seria esta ida um modo de cumprir o destino de vocês? Pensem bem não estariam aqui se não fosse necessário? Não acham isto inquietante? Ora se o destino já está traçado então devemos sempre temer as Moiras? Se não está então elas e os deuses são inúteis! Então digam me lá são a favor de um destino inalterável ou não.”

Argumento a favor da ideia de um destino inevitável;
  • Não acham engraçado, ou melhor inquietante  pessoas tão distintas como vocês acabarem se encontrando em uma mesma  jornada? Talvez com objetivos diferentes mas com um mesmo propósito ?
  • Como alguém afim de chegar no Oráculo de Delfos pode não acreditar em destino ? Qual seria o objetivo desta viagem se não descobrir informações do seu próprio destino?
  • Vocês podem dizer que foram livres para fazerem as suas próprias escolhas até aqui, não discordo disso! Porém ainda não existem provas de que essas escolhas não foram deliberadas conforme algo prescrito pelos Deuses, que necessariamente deveriam acontecer.Ou alguém aqui possui tal prova?
  • Não estou aqui descrevendo como esse destino age, estou apenas implicando na existência desse agente, pois a maneira como as coisas acontecem, muitas vezes nossa intuição, nos instiga a pensar que esta coisa aconteceu de tal maneira porque assim era para ser, e isso não nos tira a culpa ou a responsabilidade, é simplesmente uma forma de expressar o ocorrido. Isso não nos serve como destino ?
  • Olhem o nosso caso, vocês na consequência das suas decisões de chegar a Delfos, acabam por depender de um barco. E eu sendo dono de um, estou em suas presenças questionando-os a respeito justamente dessa “coincidência” do acaso. Isso não é Destino ?
  • Cada um de vocês representa alguma cultura e todos tem uma história, desta história vocês dizem serem os responsáveis por elas, mas ainda fico inquieto com o porque cada um de vocês representa tal cultura e tal história. Algum de vocês escolheu nascer em tal cultura e a viver tais histórias?

Argumentos contra a ideia de um destino inevitável;
  • O homem não possui um destino inevitável, pois possui liberdade de escolha e, desta maneira, suas escolhas modificam o seu destino.
  • Ao falarmos de destino inevitável, caímos na questão da responsabilidade. Se não podemos ir contra o destino e nossas escolhas já estão traçadas, não temos responsabilidade nenhuma sobre nossas ações e as consequências destas. Conseguem pensar como isto é problemático?
  • Se você acreditar que tudo o que acontece é de responsabilidade do destino então você não será livre, não tendo liberdade você se torna um ser irracional incapaz de agir com deliberação, o que contradiz com tudo o que a humanidade já vivenciou até agora. Ou algum de vocês nunca se redimiu de algo errado observando as inúmeras possibilidades ?
  • Se o destino existe então! Porque nem todo mundo vive em um perfeito estado de harmonia? Por que não estamos todos destinados a viver felizes ?
  • Qual o propósito deste destino se não nos instigar a avaliar e a deliberar sobre nossas próprias ações? Nos permitindo sermos livres em cada decisão ?
  • Destino talvez não seja uma expressão equivocada e mal interpretada? Que não signifique somente algo prescrito pelos Deuses ?

“Estou convencido de algo! Que talvez não seja parte do meu destino saber a resposta disso! Mas adoraria os levar no navio para termos mais conversas interessantes! Convenhamos meus escravos não são pessoas tão sábias! Subam a bordo!”

sexta parte
Cidadão (personagem) roubado na pólis de Delfos e vai atrás do seu direito para reaver suas coisas;
Ao verem a terra firme agradecem a Fémis e quando chegam no cais vão logo a Delfos. Lá entram na cidade e ficam maravilhados. Afinal era onde tinham de chegar! Mas para o azar do grupo um ladrão passa por eles e rouba o cidadão.
O grupo chega ao primeiro guarda e faz a queixa! Pois viram que o ladrão entrara na casa e de lá não poderia sair sem ser visto.
-”Queiram acalmar-se metecos, pouco me importo que tenham se descuidado e sido roubados. Nesta pólis não há leis para intrometidos, nos importamos com quem realmente é cidadão e faz bem para a pólis! Se quiserem os levarei para nosso conselho de anciões onde podem argumentar para que estes acionem os soldados.”
Assim os alunos que aceitam ir terão de argumentar com os “anciãos” e os que não aceitarem ir, argumentaram com o “guarda”

Argumento a favor do dos direitos de um meteco;
  • Todo meteco é um ser humano e deveria ter uma honra e dignidade. mas estas características são condizentes com a moral de cada pólis. Podem me dizer por qual motivo a pólis de vocês seria de moral semelhante ou superior?
  • Os estrangeiros são bem vindos quando os deuses os mandam. Tenho minhas dúvidas quando os homens vão aos deuses, mas como defender um meteco quando eles não se defendem?
  • O Cidadão (Neomedes) é considerado cidadão em Atenas, pois atende a todos os requisitos para tal. Como cidadão de Atenas, seus direitos devem ser respeitados no restante da Grécia.
  • Já que que a Grécia, por várias vezes, é considerada o berço da democracia, seria justo o tratamento democrático dentro de suas pólis. Assim, todos merecem que seus direitos sejam respeitados e, neste caso, o Cidadão foi roubado e o Estado deve reaver suas coisas.
  • Aposto que se qualquer outro de vocês tivesse sofrido esse furto, estaria indignado com tal situação e provavelmente estariam fazendo algo em relação a isso. Por que então ainda negam o direito deste meteco ?
  • Respeitar os limites do outro não é algo que necessariamente deva constar na legislação, é algo naturalmente compreensível esse respeito pelo fato de que aonde ele não existe surgem conflitos e guerras. Com isso ninguém deseja ser roubado e logo todos deveriam estar de acordo com os direitos deste meteco.


Argumentos contra os direitos de qualquer meteco;
  • Se toda a política de uma pólis tivesse que se voltar para os metecos então teríamos que ter duas medidas de justiça dentro da pólis. Uma para quem pertence e outra para os intrusos que só passeiam aqui. Acham que a pólis não deva ter regimento para os estrangeiros?
  • Quem aqui pensa que deve ser tratado de forma especial por estar vindo de outra cultura sendo ela superior ou inferior a esta? Ninguém? Mas sempre que se vai a outro lugar ficam a comparar! Estou mentindo?
  • Este meteco nada tem a ver com a nossa Pólis e além do mais ele está vivo e só sofreu danos materiais, por que deveríamos nos preocupar com tal acontecimento ?
  • De onde vocês vem pode ser que falem de direitos e considerações, porém aqui este meteco é só mais um estrangeiro, que se não tivesse saído da onde estava nada disso teria acontecido, logo a culpa é dele e nós nada temos para fazer em relação a isso. E o que seria ainda pior pois se fizéssemos estaríamos infringindo a nossa própria lei.
  • Vocês acreditam que podem chegar nessa pólis e exigir os mesmos direitos da pólis de onde vocês vem ?
  • Pois é estão enganados a partir do momento que decidiram correr riscos desse tipo assumiram a responsabilidade de cada acontecimento que poderia vir a acontecer.


Os anciões se convencem e decidem ajudar. Os guardas são acionados, logo o criminoso é pego e os itens são devolvidos ao seu dono. Para amenizar o inconveniente os anciões os convidam para ver um trecho de uma peça que estava sendo encenada próxima a rua que leva a montanha. O grupo desta vez é escoltado por três guardas para que nada mais aconteça.

sétima parte Assistem a um trecho de uma tragédia

ANTÍGONA
Não conheces o decreto de Creonte sobre nossos irmãos? A um glorifica, a outro cobre de infâmia. A Etéocles – dizem – determinou dar, baseado no direito e na lei, sepultura digna de quem desce ao mundo dos mortos. Mas quanto ao corpo de Polinice, infaustamente morto, ordenou aos cidadãos, comenta-se, que ninguém o guardasse em cova nem o pranteasse, abandonado sem lágrimas, sem exéquias, doce tesouro de aves, que o espreitam famintas. As ordens – propalam – do nobre Creonte, que [ferem a ti e a mim, a mim, repito, são estas, que vem para cá com o propósito de anunciar as ordens aos que ainda não [as conhecem explicitamente. O assunto lhe é tão sério que, se alguém transgredir o decreto, receberá sentença de apedrejamento dentro da cidade. É o que eu tinha a te dizer; mostrarás agora se és nobre ou se, embora filha de nobres, és vilã.

ISMENE
Desventurada! Se as coisas estão assim, eu, que posso fazer? Mudaria o quê?

ANTÍGONA
Se queres me ajudar, se estás disposta a colaborar, [escuta.

ISMENE
A que riscos me convidas? Qual é teu plano?

ANTÍGONA
Ajuda-me a levantar o corpo. Quero teus braços.

ISMENE
Ai de mim! Pensa, irmãzinha, em nosso pai, pereceu odiado, escarnecido; ao descobrir seus crimes, os dois olhos arrancou, ele mesmo, com suas próprias mãos; depois, ela, mulher e mãe dele, dois nomes para [a mesma, no laço de uma corda extinguiu a vida; há pouco, nossos irmãos, num mesmo dia se mataram, desditos, o destino comum selaram, aniquilando-se mutuamente no poder [dos braços. Agora, restamos só nós duas; vê que morte miserável teremos, se à força da lei e à decisão soberana do tirano nos opusermos. 60 Põe na cabeça isso, mulheres somos, não podemos lutar com homens. Há mais, somos dirigidas por mais fortes, temos que obedecer a estas leis e a leis ainda mais [duras. De minha parte, rogo aos que estão debaixo da [terra que tenham piedade de mim, sou forçada a isso, obedecerei a quem está no poder; fazer mais que isso não tem nenhum sentido

ANTÍGONA
Não te direi mais nada, mesmo se quisesses ajudar, a mim não me trarias nenhum prazer. Age como te parece melhor; a esse eu enterrarei. Se ao fazê-lo tiver que morrer, que bela [morte será! Amada repousarei com ele, com meu amado, criminosamente pura, por mais tempo deverei agradar os lá debaixo que os cá de cima. Lá repousarei para sempre. Tu, se te parece, descura o que honram os deuses.

ISMENE
Não pratico atos desonrosos, mas afrontar a autoridade dos cidadãos me é impossível.

ANTÍGONA
Agarra-te a teus pretextos. Quanto a mim, sepultura vou dar a meu queridíssimo irmão.
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O grupo é rapidamente retirado da peça pelos guardas. “Estamos terminando o nosso turno e não vamos ficar de babás de metecos por nada!” Os escoltam até a saída que leva a montanha e lá são deixados.


oitava parte

Chegam ao Oráculo de Delfos e recebem enigmas (quantidades a elaborar por grupos ou por personagens)


A vós que tanto tempo perderam;
Como suspiros de Aretés;
Bobos pelo O que os deUses levaram;
Outra traJetória aos seus pés!

Ouro Grosso! AlgO a ganhar!
Zombem Em tortUosas penaS;
O Seu Amado aGudo tilintaR;
Amam o item profundo Das minas?

Aqui hermes se vai RÁpido!


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