domingo, 19 de fevereiro de 2017

Máximo Górki e “Os Inimigos”

Máximo Górki é um autor russo do século XX que participa de vários movimentos revolucionários russos ao longo de sua vida, excepcionalmente nos anos de 1915, de tal forma que sofreu perseguições, censuras e prisões. Tem proximidade intelectual com Tolstói, por exemplo, o que por si só já demonstra sua relevância intelectual. Nesse sentido vamos debater aqui alguns elementos de uma obra sua chamada “Os Inimigos”. Nela há uma construção de diversos tipos psicológicos de personagens estereotipados, que poderiam agir em sociedade no que tange sua transformação. Além disso, ocorre uma reflexão sobre o trabalho, sobre a dignidade humana em relação ao que se está fazendo com a vida, o tempo que se gasta/investe em cada atividade, qual o papel do dinheiro, das amizades, do conhecimento como emancipador, das indústrias, do capitalismo, do governo, nesse contexto. Talvez caiba uma conexão marxiana aí.                                                                                                                        
Górki escreve em forma de literatura, não obstante o tanto que se pode perceber de filosofia em seus escritos é impressionante. Nesse romance em especial podemos notar que há uma forma de investigação minuciosa sobre um suposto assassinato cometido por um operário e daí decorre uma série de hipóteses para encontrar o culpado. Cabe ressaltar que o morto, dono da fábrica, e, portanto, um possível chefe opressor não tem tanta atenção tomada para si, mas, que a ênfase está mais em ressaltar aspectos de sua vida, e, dessa forma se era válida uma investigação sobre isso, pelo menos esta é a versão que circundava em meio aos operários. Já, pela parte da polícia o crime era orendo e deveria ser solucionado, embora não tanto pelo fim de uma vida, mas, sobretudo, por ser um personagem social importante, assim se ele fosse um simples operário sua relevância seria possivelmente diminuta.                          
Os personagens principais que ocupam posições mais elevadas em geral só estão preocupados com seus “umbigos”, o lucro de amanhã, o que irão vestir. Em última instância temos uma obra de dualidades, opressores, oprimidos, justiças, injustiças, sujeitos que tem de lutar por sua sobrevivência e outros que tem ela mais tranquila, facilitada. Um belo panorama das desigualdades sociais russas do século XX é retratada na obra. Nesse ínterim, indagamos se o valor da vida humana se encontra nos cargos e posições que ocupamos? Cada pessoa não deveria ser respeitada e valorizada por si só? Os sistemas sociais em que vivemos hoje são necessários e diferentes dos da época? Seria possível ser diferente? Como? Por quê? Saia do seu quadrado!

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